terça-feira, 12 de março de 2013

15 Minutos





Quinze minutos é tudo o que tenho hoje. Eu poderia fazer qualquer coisa nestes quinze minutos, mas agora que os tenho não sei bem como me comportar. Em uma semana inteira, consegui quinze minutos para mim e agora não consigo decidir o que é melhor: descansar, sair correndo por aí ou ficar onde estou, quietinha, olhando o relógio. Tic-tac. Quase começo a contar mississipis, mas uma música na sala ao lado acaba me chamando a atenção. Então eu penso em quantos milhares de vezes já disse que ia até aquela escola aprender dança de salão e não fui. Penso naquele curso de italiano que me prometi aos 18 anos de idade. Penso nas viagens todas que me prometi fazer. Penso nos presentes que me prometi dar. Penso na praia que gostaria de estar e para a qual nunca viajei. Penso também em quantas outras coisas já prometi para mim e não fiz... Quinze minutos. Que agora nem já são mais. Como seria viver uma vida em quinze minutos?  Agora quatorze e caindo... tic-tac. O que se faz em quinze minutos ? Matar alguém. Sexo do bom ? Nascer de novo. Ou não fazer nada. Como estou fazendo agora. Tic-tac. Eu poderia tomar alguma decisão na vida. Mas estou muito cansada. Quinze minutos foram tudo o que restou no mês, na semana, no dia... talvez na última hora, para que eu pudesse ter a sensação surpreendente que respiro, que penso, que sinto. Mas eu sinto o quê mesmo? Por mim ou por ele. Ou por todos nós. Os quinze minutos já se foram. Comidos pelo relógio implacável que me olha de cima da mesa de trabalho. E daqui a quinze minutos eu nem vou mais lembrar disso. Talvez nem lembre mais de mim. Talvez não lembre mais dele. Quinze minutos. Novecentos segundos para o esquecimento.

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