Quinze minutos é tudo o que tenho hoje. Eu
poderia fazer qualquer coisa nestes quinze minutos, mas agora que os tenho não
sei bem como me comportar. Em uma semana inteira, consegui quinze minutos para
mim e agora não consigo decidir o que é melhor: descansar, sair correndo por aí
ou ficar onde estou, quietinha, olhando o relógio. Tic-tac. Quase começo a
contar mississipis, mas uma música na sala ao lado acaba me chamando a atenção.
Então eu penso em quantos milhares de vezes já disse que ia até aquela escola
aprender dança de salão e não fui. Penso naquele curso de italiano que me
prometi aos 18 anos de idade. Penso nas viagens todas que me prometi fazer.
Penso nos presentes que me prometi dar. Penso na praia que gostaria de estar e
para a qual nunca viajei. Penso também em quantas outras coisas já prometi para
mim e não fiz... Quinze minutos. Que agora nem já são mais. Como seria viver
uma vida em quinze minutos? Agora
quatorze e caindo... tic-tac. O que se faz em quinze minutos ? Matar alguém. Sexo
do bom ? Nascer de novo. Ou não fazer nada. Como estou fazendo agora. Tic-tac. Eu
poderia tomar alguma decisão na vida. Mas estou muito cansada. Quinze minutos
foram tudo o que restou no mês, na semana, no dia... talvez na última hora, para
que eu pudesse ter a sensação surpreendente que respiro, que penso, que sinto. Mas
eu sinto o quê mesmo? Por mim ou por ele. Ou por todos nós. Os quinze minutos
já se foram. Comidos pelo relógio implacável que me olha de cima da mesa de
trabalho. E daqui a quinze minutos eu nem vou mais lembrar disso. Talvez nem
lembre mais de mim. Talvez não lembre mais dele. Quinze minutos. Novecentos
segundos para o esquecimento.
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