Siga em frente. Não olhe para trás. Esqueça
tudo. Esse negócio de vida real não é para você. Ande em linha reta. Para
frente. E adiante. Não olhe para trás. Não olhe para o lado. Você pode se
desconcentrar. E o preço disso pode ser muito alto. Continue andando. Como o
homenzinho do red label. Siga. Esqueça o que foi ruim. Nem pense no que
foi bom, porque pode ser um risco. Um pezinho depois do outro e siga. Para
frente. Não ouça o que dizem os outros. Não ouça a música que toca, incessantemente,
na sua cabeça há dias. Não. Não se lembre daquela mão no pescoço. Feche os
olhos e pense em algo avassalador... um terremoto, por exemplo. E ande. Em
frente. Sem titubear. Siga como se não houvesse mundo lá trás. Como se não
houvesse passado. Como se nunca tivesse havido vida. Apenas ande. Para frente.
Sem correr riscos. Sem pensar em voltar. Sem pensar naquelas madrugadas longas
de gozo. Sem pensar naquele jeito especial de respirar. Naquele sorriso. Ande.
O ar não vai te faltar. Acenda o cigarro companheiro e se acalme. E siga.
Adiante. Para nunca mais voltar. Dor no peito? Nas entranhas? Grite. Xingue bem
alto. Palavrões que você teria vergonha de dizer em outra ocasião. Brados.
Deixe os demônios saírem de seu corpo enquanto você anda. Um passo a mais. Um
grito a mais. E, daqui a pouco, você se acalma. Confia. De longe, tudo vai
parecer um filme. De longe, tudo vai parecer mais seguro. Não se exponha.
Apenas siga nesta direção. Um passo depois de outro. Até chegar ao outro
extremo. Até chegar em outro lugar. Desconhecido, mas, certamente, mais seguro
que aquela areia movediça que se tornou sua vida. Cansaço? Ora, esta palavra
nunca existiu para você... ande. Adiante. Avante. Feito super-herói que não
sabe porque salva, mas está sempre presente. “Para o alto e avante”... já dizia
o super homem. E para você ser super, tem que andar sem olhar para trás. Sem se
distrair com aquelas palavras doces e aquela voz mole que esquentava seus
ouvidos. Ande. Um pouco mais. Você consegue. Sua vitória vai ser olhar no
espelho e conseguir se enxergar novamente. Ande. Rasteje. Mas siga em frente.
Corra do perigo que aquela falsa paz lhe oferecia. Você daria seu reino por uma
coca-cola... eu sei. Mas não há tempo. Não agora, que você já conseguiu se
afastar um pouco. Mas não o suficiente para estar verdadeiramente seguro. Não
olhe a paisagem. Não desvie seus olhos do caminho. Não pense na covinha falsa.
Siga. Adiante. Vamos!...você consegue. Eu sei que você consegue. Não adianta
fazer essa cara de pikuti. Você nunca ganhou nada com isso, lembra?
Deixa esta melação de lado. Ande. Apenas ande. Pensou que ia ser fácil? “Facinha”
era a vidinha de teatro que você levava... Quer ser alguém? Então ande. Com
essa coragem toda. Mas ande. Corra em direção ao seu destino. Olhando para
frente. Cabeça erguida. Não tenha vergonha de assumir seus sentimentos. Agora
as coisas vão mudar. E vai ser melhor. Vai ser melhor que tudo. Siga. Não se
perca do caminho. Siga as flechas que sinalizam a tua indignação. Ande. Para
fora de toda esta lama. Você não vai mais patinar. A estrada não é mais de
terra. Agora você sabe onde pisa. Então ande. Ande. Caminhe como sempre
desejou. E aproveite este estado de liberdade. De poder respirar sem pedir
licença. De escolher. Tire este anel do dedo. Não te serve mais. Talvez nunca
tenha servido. Rasgue as fotos. Em pedaços bem miúdos que é para não conseguir
colar mais. Queime as roupas. Queime as lembranças... aquelas poucas que
restaram depois do amargo do descaso. Depois da frieza dos “a vida é assim”. Ande.
Enxugue estas lágrimas inúteis. Você fez tudo o que pode. Você fez mais que
podia. Você fez e é isso que importa. Não espere nada em troca. Nem
reconhecimento. Mas também não precisa ficar se lembrando daqueles atos
repulsivos de auto-afirmação que te magoavam tanto... deixa para lá. O que
passou já era. Siga adiante. Eu sei, é árduo. Mas você vai ver que vale a pena.
É quase um parto. E você vai nascer no final. Mas o que é esta cara agora? Vai
chorar de novo? Medo de ficar sozinho? Ora, ora, ora... filho para quê? Ande.
Logo. Ande e pare de choramingar. Agora você já está muito longe para voltar
para aquela banheira fria do “vai se acostumando”... ande e se lembre que você
é o eixo da estória. É você quem faz as coisas acontecerem. E vamos... ande. Se
acredita, ande. É o que lhe resta agora: a estrada. Toda ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quero saber sua opinião.