Há 20 anos atrás, quando eu fazia
um comentário sobre legislação ambiental, meus amigos me olhavam de esgueio,
pensando: mais um xiita ecológico! Passadas
duas décadas de água sob a ponte (e olha que nem chove o suficiente), estes
mesmos amigos, empresários, estão perdidos no meio de toneladas de papéis,
truncados em grandes projetos de MDL, mudando o conceito de marketing de suas
empresas para algo um pouco mais verde
ou buscando espaço no Mercado de Crédito de Carbono.
Passei, então, de xiita à conselheira, num piscar de
olhos.
A questão não é só se alinhar com a proteção do planeta, mas a
necessidade proeminente de não estar segregado do mercado.
As mudanças que estamos
acompanhando nas empresas brasileiras, ainda que de forma lenta, no que tange à
proteção e preservação do meio ambiente não são um item de luxo, nem podem mais
serem vistas como um diferencial para ser oferecido no mercado.
Tais mudanças,
na realidade, passaram a ser encaradas como requisito básico para a
sustentabilidade de uma empresa no seu nicho.
Num futuro próximo, empresas que
não estiverem alinhadas com medidas de proteção e conservação do meio ambiente,
que produzam seus bens com desatenção ao futuro do planeta, estarão fora da
primeira linha de concorrência. O empresariado, de maneira geral, inicia um
processo sem volta de eleger seus fornecedores dentre os que estão vinculados às
novas regras que têm a harmonia ambiental como mote.
E agora que estamos aqui,
só falta o apoio efetivo do governo para que sejam tomadas medidas de relevo
para o incentivo de mudanças nas empresas brasileiras, que tenham como objetivo
a promoção do meio ambiente.
Certamente, um braço forte de nossos políticos
nesta frente poderá trazer resultados mais proveitosos para todos, ao invés de
discutir de quem é a culpa pelo desmatamento da Amazônia.
O que se espera do
governo não é um apontar de dedos, mas sim uma postura que reflita o potencial
ambiental que tem o país. Não só no que se refere a políticas de proteção ao
patrimônio natural, mas também ao apoio aos empresários que investem em
mudanças reais dentro de suas empresas. Ao invés de só pensar em multar e
processar os responsáveis por crimes ambientais, o governo poderia premiar às
empresas que se dedicam a implementar novos padões e sistemas que visam a
preservação ambiental e que, fazendo o papel que o Poder Público não faz,
investem em infomação e educação ambiental.
O Brasil, na toada que faz,
prioriza o erro e olvida os acertos. Uma mudança de postura do Poder Público em
relação aos empresários verdes, ou seja, aqueles que investem em qualidade de
vida de seus empregados, de seus consumidores e do patrimônio ambiental, que
seja eficaz e eficiente trará muito mais resultados. O prêmio para tais empresas poderia ser um desconto progressivo em
algum tributo ou algo equivalente.
Num país onde os impostos comem a
perspectiva das empresas nacionais de concorrência no mercado estrangeiro, uma
decisão desta envergadura poderia gerar muitos frutos, nos afastando do fazer por obrigação e nos aproximando da
máxima de que a preservação ambiental pode trazer resultados positivos para
todos. Inclusive financeiros.
Publicado em fevereiro de 2.008
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