terça-feira, 26 de março de 2013

O Empresário Verde





Há 20 anos atrás, quando eu fazia um comentário sobre legislação ambiental, meus amigos me olhavam de esgueio, pensando: mais um xiita ecológico! Passadas duas décadas de água sob a ponte (e olha que nem chove o suficiente), estes mesmos amigos, empresários, estão perdidos no meio de toneladas de papéis, truncados em grandes projetos de MDL, mudando o conceito de marketing de suas empresas para algo um pouco mais verde ou buscando espaço no Mercado de Crédito de Carbono. 

Passei, então, de xiita à conselheira, num piscar de olhos. 

A questão não é só se alinhar com a proteção do planeta, mas a necessidade proeminente de não estar segregado do mercado. 

As mudanças que estamos acompanhando nas empresas brasileiras, ainda que de forma lenta, no que tange à proteção e preservação do meio ambiente não são um item de luxo, nem podem mais serem vistas como um diferencial para ser oferecido no mercado. 

Tais mudanças, na realidade, passaram a ser encaradas como requisito básico para a sustentabilidade de uma empresa no seu nicho. 

Num futuro próximo, empresas que não estiverem alinhadas com medidas de proteção e conservação do meio ambiente, que produzam seus bens com desatenção ao futuro do planeta, estarão fora da primeira linha de concorrência. O empresariado, de maneira geral, inicia um processo sem volta de eleger seus fornecedores dentre os que estão vinculados às novas regras que têm a harmonia ambiental como mote. 

E agora que estamos aqui, só falta o apoio efetivo do governo para que sejam tomadas medidas de relevo para o incentivo de mudanças nas empresas brasileiras, que tenham como objetivo a promoção do meio ambiente. 

Certamente, um braço forte de nossos políticos nesta frente poderá trazer resultados mais proveitosos para todos, ao invés de discutir de quem é a culpa pelo desmatamento da Amazônia. 

O que se espera do governo não é um apontar de dedos, mas sim uma postura que reflita o potencial ambiental que tem o país. Não só no que se refere a políticas de proteção ao patrimônio natural, mas também ao apoio aos empresários que investem em mudanças reais dentro de suas empresas. Ao invés de só pensar em multar e processar os responsáveis por crimes ambientais, o governo poderia premiar às empresas que se dedicam a implementar novos padões e sistemas que visam a preservação ambiental e que, fazendo o papel que o Poder Público não faz, investem em infomação e educação ambiental. 

O Brasil, na toada que faz, prioriza o erro e olvida os acertos. Uma mudança de postura do Poder Público em relação aos empresários verdes, ou seja, aqueles que investem em qualidade de vida de seus empregados, de seus consumidores e do patrimônio ambiental, que seja eficaz e eficiente trará muito mais resultados. O prêmio para tais empresas poderia ser um desconto progressivo em algum tributo ou algo equivalente. 

Num país onde os impostos comem a perspectiva das empresas nacionais de concorrência no mercado estrangeiro, uma decisão desta envergadura poderia gerar muitos frutos, nos afastando do fazer por obrigação e nos aproximando da máxima de que a preservação ambiental pode trazer resultados positivos para todos. Inclusive financeiros.




Publicado em fevereiro de 2.008 em:

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