terça-feira, 26 de março de 2013

Mais que o fim da tarde





Agora já é mais que o fim da tarde. Tenho pensado em você com mais freqüência do que deveria. Mas mesmo assim me arrumo para você. Uma gota a mais do meu perfume predileto quase entrega meu plano. Pernas depiladas. Creme por todo o corpo. Gloss. A respiração contida. Quase não perco o controle. Vestido. Preto. Eu adoro vestidos pretos. Pele macia. Outra carta. Espero. Mas o telefone não toca. E voltar para casa é como desfazer sonhos. É começar outra espera. Tic tac. Tic tac. Até um novo dia amanhecer. Outra calcinha especial. Banho de horas. Massagem. O sabonete cheiroso que desliza pelo meu corpo. Toalha macia. Branca. Adoro toalhas brancas. Adoro toalhas brancas novas. Creme. De novo mais creme. Outra gota de perfume. Me vejo no espelho com seus olhos. Me visto de novo para você. E nem sei do que você gosta. Saio para a rua com um sorriso especial. Cheia de novas esperanças. Penso em você o tempo todo. Sou quase sua escrava. Uma gueixa sua. E o meu dia vem cheio de compromissos. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Mas sempre penso em você. No meio do dia um minuto de silêncio enquanto eu como quase nada. Penso em você mais do que queria. É quase como rezar. O telefone toca o dia inteiro. Mas não é você. No meio da tarde ainda estou cheia de esperanças. Mas sigo cumprindo meus prazos e tentando não enlouquecer. Prorrogo o fim da tarde. Tic tac. Tic tac. Que a tarde dure mais. Tic tac. Que o maldito telefone toque. Tic tac. Mas aí, já é noite alta. Eu quase desisto de você. Sozinha com meus fantasmas sussurro seu nome com hálito quente. E já estamos na madrugada. Tic tac. O vestido preto já está amassado. O batom pálido e eu um pouco cansada de tudo isso. Chamo teu nome e penso em mil maneiras de colocar você para fora da minha vida. Tic tac. Mas já é madrugada e estou cansada demais para dançar. Tic tac. Tic tac.

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