Eu li em algum lugar que o silêncio é uma
arma que aponta, sem nunca disparar. Não é o não que me exaspera, é a
falta de palavras. A falta de mapas. Esta noite era algo absolutamente
importante para mim. Não porque seria uma ocasião especial, mas porque sempre
que estou com você uma parte de mim se aflora e eu me mostro inteira, de uma
forma que ninguém conhece. Eu ia olhar nos teus olhos e enxergar você. Eu gosto
de ver o que encontro neles, quando você está desarmado. Preparei coisas. Me
preparei para te receber de uma maneira que você jamais viu. Coloquei todos os
meus medos em uma gaveta e estava pronta para ir ao teu encontro. Se você
dissesse não... Se você tivesse dito não tudo seria muito mais
fácil. Menos frustrante. Nos conhecemos há tanto tempo e ainda assim me
equivoco... E, agora, a única coisa que me vem à cabeça é que vamos voltar ao
círculo vicioso ao qual nos acostumamos. Isto porque eu vou escapar de você de
novo e você vai entender o meu silêncio como perdão. Nem sei se é isso. Não sei
se você sente como eu as coisas que passamos juntos. Eu não sei... De outro
lado, minha racionalidade me faz ver o que está acontecendo no país e eu sei
que, de alguma forma, ou de muitas formas, isso te afeta. Gostaria de estar por
perto. Gostaria de ajudar, ainda que esta ajuda significasse te dar colo. Te
embalar para acalmar teu coração. Velar teu sono. Eu conheço teus olhos quando
você está desprotegido. São breves os momentos, mas eu conheço. Eu gostaria de
ter forças para te arrancar de dentro de mim. Para sempre. De uma forma ímpar.
E nem sei quantas vezes eu tentei. Mas eu sou fraca. Eu olho para você e sou
fraca. Eu me lembro de você e sou fraca. O que me toma, agora, é um profundo
sentimento de frustração. Uma pena tudo isso. Uma pena.
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